Muito feia esta política onde para atingir objetivos pessoais - galgar cargos mais elevados na vida pública -, em detrimento do interesse público, vale tudo. Vale escrever textos apócrifos denegrindo a imagem do candidato oposto, vale fazer boca de urna e distribuir lanches em embalagens com marca dos Governos Federal e Estadual, vale antecipar um feriado, num semestre onde não existem feriados, para aumentar o índice de abstenções.
O mais interessante é que o Sérgio Cabral é aquele que faz uma crítica feroz ao estilo de fazer política da família Garotinho. E ele repete exatamente a mesma prática - clientelista, paternalista - ao usar de todos os meios mais baixos para conseguir o seu intento - ser Presidente da República.
O novo Prefeito do Rio de Janeiro - Eduardo Paes - já disse a que veio: quer subir a qualquer preço e isto significa mudar de partido tantas vezes forem necessárias em apenas oito anos de vida política, fazer as mais espúrias alianças, jogar sujo, como foi fartamente publicado pela imprensa no decorrer do processo eleitoral.
E o carioca? O carioca demonstrou uma falta de cidadania jamais vista na história das eleições municipais. Diante de um pleito de tamanha importância, onde estavam em campo duas candidaturas similares em propostas para a cidade, mas, completamente distintas do ponto de vista da forma de se fazer política. Onde estavam em campo duas candidaturas completamente diferentes: uma clientelista, paternalista, anti-ética; a outra trazendo uma luz no fim do túnel, mostrando que se pode fazer uma campanha sem sujar a cidade, sem ofender os adversários, sem alianças desmedidas, comprometida com o interesse público.
O carioca demonstrou que está pouco se importando com o que aconteça com a cidade, desde que suas vantagens não sejam afetadas, seja através das ocupações irregulares dos espaços públicos - aí tanto faz se é rico ou pobre -, seja através da impundade - o famoso é ilegal e daí - aí, novamente, tanto faz se é rico ou pobre.
A falta de cidadania do carioca foi uma grande traição à candidatura de Fernando Gabeira, principalmente porque a abstenção maior foi entre os eleitores da Zona Sul, seu nicho eleitoral.
A falta de cidadania do carioca fêz com que acrditassem na balela da união entre os três níveis da administração pública - federal, estadual e municipal. Ok, se isto é verdade, então o que acontecerá em 2010 quando mudam o Presidente da República e o Governador do Estado - voltaremos ao isolamento?
A candidatura de Eduardo Paes, no primeiro turno, mostrou-se como uma alternativa para derrotar o Marcelo Crivella, que quer resgatar as práticas absolutistas monárquicas, sendo o governante escolhido por Deus e em seu nome governando. Com o crescimento de Fernando Gabeira uma alternativa mais interessante para a cidade se apresentou, mas, a falta de cidadania do carioca jogou por terra esta grande oportunidade.
Importante destacar que a candidatura de Fernando Gabeira obteve grande quantidade de votos em todas as regiões da cidade, mostrando que era unificadora. Gabeira ganhou nas Zonas Norte, Sul e Centro, perdendo, mas obtendo uma boa quantidade de votos, na Zona Oeste - reduto do Eduardo Paes, que lá mantêm a sua maneira de fazer política clientelista e paternalista.
Eis a consequência do Maquiavelismo de Sérgio Cabral ou a falta de cidadania do carioca:
Rocinha (abaixo)
Complexo do alemão (acima). Lixo na Baía de Guanabara (abaixo).
E viva o Rio de Janeiro!
fotos: sem crédito