Com imenso espanto e indignação li a reportagem feita por Jaqueline Costa, Luiz Ernesto Magalhães e Selma Schimidt sobre as pedras portuguesas na cidade do Rio de Janeiro, publicada na edição do dia 27 de abril de 2009, do Jornal O Globo. Manda a ética jornalista, sempe ouvir os dois lados do tema que se aborda - no caso as pedras portuguesas. A reportagem não colocou os casos exemplares de Lisboa e outras cidades como Belo Horizonte e Araras (em São Paulo), onde as pedras portuguesas são colocadas e não causam problemas à população, pois são bem conservadas.
Pedras portuguesas colocadas com desleixo
Calçada de cimento
Calçada de tijolos
Calçada de granito
Ao contrário de se iniciar uma campanha, subliminar, para acabar com as pedras portuguesas, o que se deve fazer é uma campanha para que a Prefeitura capacite funcionários e mantenha constantemente as calçadas, além de cobrar dos prédios e estabelecimentos comerciais que mantenham - o que, aliás, já é lei. O dinheiro que se gasta através do superfaturamento de obras, como suspeita-se, por exemplo, no caso da Cidade da Música, pode muito bem ser gasto com a manutenção de uma tradição da cidade do Rio de Janeiro e que é um de seus grandes atrativos. O argumento de que tal calçamento é prejudicial aos idosos não procede. Por acaso não existem idosos, cadeirantes etc. em Lisboa?
Calçada de Pedra Portuguesa em Belo Horizonte
Reparem na foto acima, na parte embaixo à direita que até o decilive para a garagem foi bem feito.
Calçada Pedra Portuguesa em Lisboa
Calçada Pedra Portuguesa em Lisboa
É inadmissível que ao contrário de se cobrar das autoridades a sua responsabilidade no cuidado
com a coisa pública, de se exigir e educar ao cidadão para que conserve as calçadas com capricho e não com remendos mal feitos, se decida por eliminar algo tão bonito. Qualquer que seja o material, ele sofrerá desgaste com o tempo e necessitará de uma manutenção. Portanto, o que está em discussão é a manutenção e não o tipo de calçamento.
Trata-se de preservar nosso Patrimônio Ambiental Cultural e Artificial, conforme prescrito na Constituição Federal. Um bom começo é iniciar uma campanha de educação ambiental para conscientizar a população da importância de se preservar e manter a cidade, inclusive no que diz respeito à sujeira que é jogada nas ruas.
Um remendo desleixado, como mostra a primeira foto, é uma demonstração clara de falta de educação, de cidadania e de cuidado com a coisa pública que pertence a todos e deve ser preservada para as futuras gerações.
Calçada em Pedra Portuguesa e bondinho
Vejam estas fotos de Lisboa (acima e abaixo), além do calçamento em pedras portuguesas ainda se mantêm o bondinho, que não está em más condições como o nosso de Santa Teresa.
Calçada de pedras portuguesas e bondinho
créditos das fotos
Foto 1: O Globo Enviado por Bianca Marotta - 14.1.2008 - 10h06min
Foto 2: Calçada de cimento: Enviada pelo leitor Leo H. para o eu repórter em 24.04.2009
Foto3: Calçada de tijolos 014009 fotosearch.com.br
Foto 4: Calçada de granito: Foto DSC06745-2 - Blog do Roberto Moraes
Foto 5: Calçada pedra portuguesa Belo Horizonte: Bruno bhz
Fotos 6, 7 e 8 : Calçadas Lisboa - Arnaldo Interata
Foto 9: Calçada pedra portuguesa e bondinho: euroresidentes
Foto 10: Calçada de pedras e bondinho - viajeaqui.abril.combr
2 comentários:
Cara Aline, parabéns pelo artigo, muito claro e objetvo. As imagens são arrebatadoras.
Nós também já escrevemos sobre o tema em nosso blog: http://cidadeinteira.blogspot.com/ onde dicutimos questões urbanas como essa.
Um abraço,
Lucas Franco
As pedras portuguesas são um desastre. Para seu governo, também levei tombo em Lisboa. Não sei qual seria o melhor calçamento - certamente não o cimento, que além de arrebentar, não permite o escoamento da água. Porém, antes de defender as pedras portuguesas, vocês deveriam fazer uma estatística do número de tombos seriíssimos de idosos nos pronto-socorros do Rio de Janeiro: quebra de quadris, de joelhos, de tornozelos, de pés etc.
As calçadas do Rio são vergonhosas. Mas a solução não é manter as pedras portuguesas e, sim, inventar uma solução moderna, inovadora, de algum material novo, que permita o escoamento de água e de fácil manutenção, talvez até colorido de azul e cor de areia da praia. Se você defende as infelizes das pedras portuguesas, deve ser jovem e jamais ter levado um tombo. Obrigada por sua atenção, Eliane Mey.
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