quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O Plástico saiu de moda

27/9/2007

O debate em torno do uso das sacolinhas de plástico-filme dos supermercados ganhou força nos últimos meses. O tema despertou o interesse da sociedade, demonstrando que existe interesse da população em adotar novas soluções no combate a essa verdadeira praga que infesta e contamina lixões e aterros sanitários pelo País. Projetos sugerindo a adoção de novas tecnologias para substituir o material utilizado pelos supermercados começaram a surgir em Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais. E, acredite se quiser, até a milionária indústria do plástico se comprometeu a buscar soluções para amenizar o impacto desse composto sobre o ambiente.

As propostas variam, de acordo com o freguês. Os mais radicais defendem que o plástico seja simplesmente banido das gôndolas dos supermercados. Acreditam que a adoção dessa medida amenizaria a utilização desse material como depósito de lixo nas residências. Sem dúvida, seria a solução mais eficaz para resolver o problema, embora se apresente como a menos receptível por envolver uma mudança brusca de comportamento das pessoas. Seria um acontecimento sem precedentes no mundo.

Outra solução seria a substituição do plástico atual por compostos oxibiodegradáveis, que aceleram o processo de decomposição através de um aditivo adicionado durante o processo de produção do plástico-filme. Assim, ao invés de demorar centenas de anos para se decompor na Natureza, as sacolinhas desapareceriam em tempo bem menor, que poderia variar de acordo com o desejo do fabricante. Essa experiência já vem sendo adotada por várias redes de supermercado do País e do mundo, embora ainda não conte com o apoio dos governos. Em São Paulo, projeto de lei exigindo a adoção dessa tecnologia foi vetado recentemente pelo governador José Serra.

Para quem ainda está em dúvida sobre a melhor maneira de combater o plástico, surgiram recentemente propostas para incentivar a utilização de sacolas de pano em troca do plástico-filme. Algumas grifes, inclusive, já manifestaram interesse em colocar no mercado modelos que possam atender ao consumidor. Com design moderno, essas bolsas têm tudo para cair no gosto daqueles que se preocupam com a preservação do planeta. Gente bem informada, que sabe o mal que milhões de toneladas de plástico despejadas no ambiente anualmente poderão trazer às gerações futuras.

Quem não gosta nada dessa idéia são os grandes conglomerados que se dedicam a produzir plástico, um negócio que movimenta bilhões de reais. Para não ficar à deriva, essas empresas já se movimentam para produzir compostos mais resistentes, que possam ser reutilizados e que tenham valor de compra. Dessa forma, eles acreditam que poderia haver estímulo maior para que as pessoas se preocupassem com a reciclagem do plástico produzido, como ocorreu com o alumínio e o papelão.

Vou além. Particularmente, acredito que já está na hora de cobrar ações mais concretas dessas empresas. Já que têm interesse em manter a produção do plástico, elas também deveriam se responsabilizar com a coleta do material antes de ele ir parar no lixo doméstico, adotando métodos do que se convencionou chamar de logística reversa. Limpariam, assim, a sujeira que vem despejando no ambiente nas últimas décadas. Acho pouco provável que alguma dessas indústrias adote espontaneamente essa postura. Nesse caso, cabe ao Poder Público a elaboração de leis que possam apontar responsabilidades em torno desse tema de tamanha importância.

Seja qual for a solução, o importante é que as pessoas passaram a pensar duas vezes antes de levar uma sacolinha para casa. Da mesma forma, muitos comerciantes têm questionado o consumidor sobre a necessidade de colocarem a mercadoria nesse plástico. Espero que esse movimento não se restrinja ao calor da hora. Trata-se de uma discussão que está apenas no começo e que pode evoluir se os entes públicos realmente se mobilizarem para coibir a produção irresponsável de plástico-filme, que sai das gôndolas dos supermercados para nossas casas, onde vira depósito de lixo

Fonte: Idec

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