domingo, 24 de junho de 2007

Qual o papel que as mulheres querem desempenhar na sociedade?

Qual o papel que as mulheres querem desempenhar na sociedade?

Esta é a pergunta que fazemos quando nos deparamos com situações inusitadas envolvendo mulheres. Por que resolvemos escrever sobre isto?

Recentemente algumas mulheres têm ocupado as primeiras páginas dos jornais de forma não muito agradável.

A primeira delas, a jornalista Mônica Veloso, envolveu-se com o Senador Renan Calheiros, Presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional. Teve uma filha com ele e recebia dinheiro, a título de pensão alimentícia, de um conhecido lobista. O resultado é uma crise no Senado Federal, de onde o Senador em pauta não quer deixar a cadeira de Presidente, fazendo, inclusive, a sua defesa da própria cadeira, humilhando o Senado Federal como instituição, na medida em que quem estava ali falando não era o Senador, mas o Presidente do Senado e do Congresso Federal. Se tivesse falado da tribuna mudaria a sua condição? Não, mas o simbolismo que a cadeira impõe dá uma dimensão maior a qualquer ato. Uma coisa é o Senador Renan Calheiros falar da Tribuna - simbolicamente estaria investido apenas de sua função de Senador, outra coisa é falar da cadeira de Presidente do Senado - ali quem está é o Presidente do Senado e do Congresso Nacional - muda bastante, não?

Aí entra em cena a segunda mulher a que fazemos referência: a esposa do Senador Renan Calheiros - Maria Verônica Calheiros. Ela comparece ao Senado e ouve atentamente as explicações de seu marido a seus pares e à sociedade brasileira. Sua atitude poderia levar a uma minimização dos fatos, vez que a própria esposa, a principal interessada e exposta com a traição do marido e a filha havida fora do casamento, continuava firme ao seu lado. "Tirando de letra" todo este escândalo, em entrevista ao jornal o Estado de São Paulo, Verônica afirma que 'homem é mesmo muito besta'. O jornal a chama de Hilary Clinton tropical.

A terceira mulher é a Ministra do Turismo, Marta Suplicy, que há poucos dias usou uma expressão muito vulgar para se referir aos passageiros vítimas do caos em que se transformou o transporte aéreo no país. Só para lembrar a expressão foi: 'relaxa e goza' (sic). A ministra se desculpou depois, mas o estrago já estava feito. O que se espera, minimamente, de alguém que ocupa um cargo público é o respeito aos cidadãos e não a ironia e a galhofa.

Estão aqui representados alguns papéis que, tradicionalmente, são atribuídos às mulheres: a Eva sedutora, responsável pela expulsão do paraíso; Maria santa mãe de Jesus, responsável pela harmonia da família e Lilith, a versão feminina do demônio, aquela que deu à Eva a maçã proibida, aquela responsável pela demonização da sexualidade humana.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Eterno Che

Uma singela homenagem a quem deu a vida para um mundo mais justo e solidário. Hoje, Che Guevara faria 79 anos. Viva Che!

"Nascido em 14 de junho de 1928 na cidade de Rosário, Guevara foi o primeiro dos cincos filhos do casal Ernesto Lynch e Celia de la Serna y Llosa. Sua mãe foi a principal responsável por sua formação porque, mesmo sendo católica, mantinha em casa um ambiente de esquerda e sempre estava cercada por mulheres politizadas. Desde pequeno, Ernestito - como era chamado - sofria ataques de asma e por essa razão, aos 12 anos, se mudou com a família para as serras de Córdoba, onde morou perto de uma favela. A discriminação para com os mais pobres era comum à classe média argentina, porém Che não se importava e fez várias amizades com os favelados. Estudou grande parte do ensino fundamental em casa com sua mãe. Na biblioteca de sua casa - que reunia cerca de 3000 livros - havia obras de Marx, Engels e Lenin, com os quais se familiarizou em sua adolescência.

Em 1947, Ernesto entra na Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires, motivado em primeiro lugar por sua própria doença, desenvolvendo logo um especial interesse pela lepra. Em 1952, realiza uma longa jornada pela América do Sul com o melhor amigo, Alberto Granado, percorrendo 10.000 km em uma moto Norton 500, apelidada de 'La Poderosa'. Observam, se interessam por tudo, analisam a realidade com olho crítico e pensamento profundo. Os oito meses dessa viagem marcam a ruptura de Guevara com os laços nacionalistas e dela se origina um diário. Aliás, escrever diários torna-se um hábito para o argentino, cultivado até a sua morte. No Peru, trabalhou com leprosos e resolveu se tornar um especialista no tratamento da doença.

Che saiu dessa viagem chocado com a pobreza e a injustiça social que encontrou ao longo do caminho e se identificou com a luta dos camponeses por uma vida melhor. Mais tarde voltou à Argentina onde completou seus estudos em medicina. Foi convocado para o exército, porém, no momento estava incompatibilizado com a ideologia peronista. Não admitia ter de defender um governo autoritário. Portanto, no dia da inspeção médica, tomou um banho gelado antes de sair de casa e na hora do exame teve um ataque de asma. Foi considerado inapto e dispensado.

Já envolvido com a política, em 1953 viajou para a Bolívia e depois seguiu para Guatemala com seu novo amigo Ricardo Rojo. Foi lá que Guevara conheceu sua futura esposa, a peruana Hilda Gadea Acosta e Ñico Lopez, que, futuramente, o apresentaria a Raúl Castro no México. Na Guatemala, Arbenz Guzmán, o presidente esquerdista moderado, comandava uma ousada reforma agrária. Porém, os EUA, descontentes com tal ato que tiraria terras improdutivas de suas empresas concedendo-as aos famintos camponeses, planejou um golpe bem sucedido colocando no governo uma ditadura militar manipulada pelos yankees. Che ficou inconformado com a facilidade norte-americana de dominar o país e com a apatia dos guatemaltecos. A partir desse momento, se convenceu da necessidade de tomar a iniciativa contra o cruel imperialismo. Com o clima tenso na Guatemala e perseguido pela ditadura, Che foi para o México.

Alguns relatos dizem que corria risco de vida no território guatemalteco, mas essa ida ao México já estava planejada. Lá lecionava em uma universidade e trabalhava no Hospital Geral da Cidade do México, onde reencontrou Ñico Lopez, que o levou para conhecer Raúl Castro. Raúl, que se encontrava refugiado no México após a fracassada revolução em Cuba em 1953, se tornou rapidamente amigo de Che. Depois, Raúl apresentou Che a seu irmão mais velho Fidel que, do mesmo modo, tornou-se amigo instantaneamente. Tiveram a famosa conversa de uma noite inteira onde debateram sobre política mundial e, ao final, estava acertada a participação de Che no grupo revolucionário que tentaria tomar o poder em Cuba.

A partir desse momento começaram a treinar táticas de guerrilha e operações de fuga e ataque. Em 25 de novembro de 1956 os revolucionários desembarcam em Cuba e se refugiam na Sierra Maestra, de onde comandam o exército rebelde na bem-sucedida guerrilha que derrubou o governo de Fulgêncio Batista.

Depois da vitória, em 1959, Che torna-se cidadão cubano e vira o segundo homem mais poderoso de Cuba. Marxista-leninista convicto, é apontado por especialistas como o responsável pela adesão de Fidel ao bloco soviético e pelo confronto do novo governo com os Estados Unidos. Guevara queria levar o comunismo a toda a América Latina e acreditava apaixonadamente na necessidade do apoio cubano aos movimentos guerrilheiros da região e também da África.
Da revolução em Cuba até sua morte, amargou três mal-sucedidas expedições guerrilheiras. A primeira na Argentina, em 1964, quando seu grupo foi descoberto e a maioria morta ou capturada. A segunda, um ano depois de fugir da Argentina, no antigo Congo Belga, mais tarde Zaire e atualmente República Democrática do Congo. E por fim na Bolívia, onde acabaria executado. Sem a barba e a boina tradicionais, disfarçado de economista uruguaio, Che Guevara entrou na Bolívia em novembro de 1966. A ele se juntaram 50 guerrilheiros cubanos, bolivianos, argentinos e peruanos, numa base num deserto do Sudeste do país.

Seu plano era treinar guerrilheiros de vários países para começar uma revolução continental. Guevara foi capturado em 8 de outubro de 1967. Passou a noite numa escola de La Higuera, a 50 quilômetros de Vallegrande, e, no dia seguinte, por ordem do presidente da Bolívia, general René Barrientos, foi executado com nove tiros numa escola na aldeia de La Higuera, no centro-sul da Bolívia, no dia seguinte à sua captura pelos rangers do Exército boliviano, treinados pelos Estados Unidos.

Sua morte, no dia 9 de outubro de 1967, aos 39 anos, interrompeu o sonho de estender a Revolução Cubana à América Latina, mas não impediu que seus ideais continuassem a gozar de popularidade entre as esquerdas. Os boatos que cercaram a execução de Che Guevara levantaram dúvidas sobre a identidade do guerrilheiro. A confusão culminou no desaparecimento dos seus restos mortais, encontrados apenas em 1997, quando o mundo recordava os trinta anos de sua morte, sob o terreno do aeroporto de Vallegrande. O corpo estava sem as mãos, amputadas para reconhecimento poucos dias depois da morte, e contrabandeadas para Cuba.

Em 17 de outubro de 1997, Che foi enterrado com pompas na cidade cubana de Santa Clara (onde liderou uma batalha decisiva para a derrubada de Batista), com a presença da família e de Fidel. Embora seus ideais sejam românticos aos olhos de um mundo globalizado, ele se transformou num ícone na história das revoluções do século XX e num exemplo de coerência política. Sua morte determinou o nascimento de um mito, até hoje símbolo de resistência para os países latino-americanos." Fonte:http://www.cheguevaradelaserna.hpgvip.ig.com.br/



A Fidel Castro
" Ano da Agricultura"
Havana
Fidel:
Recordo nesta hora de muitas coisas, de quando o conheci na casa de Maria Antonia, de quando você me propôs que viesse, de toda a tensão dos preparativos. Um dia perguntaram a quem se devia avisar em caso de morte e a possibilidade real do fato chocou a todos. Depois soubemos que estava correto, que em uma revolução se vence ou se morre (se é verdadeira). Muitos companheiros ficaram ao longo do caminho até a vitória. Hoje tudo tem um tom menos dramático porque estamos mais maduros, mas o fato se repete. Sinto que cumpri a parte de meu dever que me ligava à Revolução Cubana em seu território e me despeço de você, dos companheiros, de seu povo que já é meu. Renuncio formalmente a meus cargos na direção do partido, a meu cargo de ministro, a meu grau de comandante, a minha condição de cubano.

Nada legal me liga a Cuba, apenas laços de outro tipo, que não podem ser rompidos com as nomeações. Fazemos um balanço de minha vida passada, creio Ter trabalhado com suficiente honradez a dedicação para consolidar o triunfo revolucionário. Minha única falha de alguma gravidade foi não Ter confiado mais em você, desde os primeiros momentos de Sierra Maestria, e não Ter compreendido com suficiente rapidez suas qualidades de guia e revolucionário.

Vivi dias magníficos e senti ao seu lado orgulho de pertencer a nosso povo nos dias luminosos e triste da crise do Caribe. Poucas vezes brilhou mais alto um estadista que naqueles dias; me orgulho também de têlo seguido sem vacilações, indentificado com sua maneira de prensar; bem como de ver avaliar os perigos e os princípios. Outras terras do mundo reclamam o concurso de meus modestos esforços. Posso fazer o que lhe é negado por sua responsabilidade à frente de Cuba e chegou a hora de nos separarmos.

Saiba que o faço com misto de alegria e dor; aqui deixo a mais pura de minhas esperanças de guia e o mais querido entre meus seres queridos... e deixo um povo que me recebeu como um filho; isso lacera uma parte de meu espírito. Nos campos de batalha, levarei a fé que você me inculcou, o espirito revolucionário de meu povo; a sensação de cumprir com com o mais sagrado dos deveres: lutar contra o imperialismo onde quer que esteja; isso reconforta e cura qualquer ferida.

Digo uma vez mais que libero Cuba de qualquer responsabilidade, salvo a que emane de seu exemplo. Se chegar minha hora definitiva sob outros céus, meu último pensamento será para este povo e especialmente para você. Agradeço todos os seus ensinamentos e o seu exemplo, a que tratarei de ser fiel até as últimas conseqüências de meus atos. Quero dizer que sempre estive identificado com a política externa de nossa revolução e assim continuo. Onde quer que vá, sentirei a responsabilidade de ser revolucionário cubano e como tal atuarei. Não deixo para meus filhos e minha mulher nada material e não lamento: alegro-me que assim seja. Não peço nada para eles, pois o estado lhe dará o suficiente para viver e se educarem. Teria muitas coisas a dizer a você e ao nosso povo, mas sinto que são desnecessárias; as palavras não podem expressar o que eu gostaria e não valeria a pena rabiscar apressado qualquer coisa em um bloco.
Até a vitória sempre! Pátria ou morte!
Um abraço com todo fervo revolucionário. ...........................................................Che

"Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um Revolucionário." Che Guevara
"O verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de generosidade; é impossível imaginar um revolucionário autêntico sem esta qualidade". Che Guevara

"Muitos me chamaram de aventureiro e o sou, só que de um tipo diferente: dos que entregam a pele para provar suas verdades." Che Guevara

"Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros". Che Guevara
"Os poderosos podem matar uma, duas até três rosas, mas nunca deterão a primavera." Che Guevara

Além da corrupção, temos que conviver com a vulgaridade?


"A ministra do Turismo, Marta Suplicy, pediu desculpas por ter aconselhado o turista brasileiro a "relaxar e gozar" diante da crise nos aeroportos do país. A declaração foi dada na manhã desta quarta-feira (13) após o lançamento do Plano Nacional do Turismo, em Brasília.

No início desta tarde, a ministra divulgou uma nota em que afirma não ter tido a intenção de desdenhar do turista. Marta Suplicy afirma que sua intenção foi dizer à população que "viajar vale a pena".

Confira a íntegra da nota:

"Quero pedir desculpas aos turistas e a todos os brasileiros pela frase infeliz que proferi hoje, ao término de uma entrevista coletiva. Não tive por intenção desdenhar, muito menos minimizar os transtornos que estão sendo enfrentados pelos usuários do transporte aéreo. Eu mesma tenho passado por essa situação, quando viajo. Minha intenção foi dizer aos jornalistas e à população que viajar vale a pena, mesmo que os problemas nos aeroportos demorem um pouco mais, apesar de todo o empenho do Governo Federal para agilizar as soluções. Estamos trabalhando no Ministério do Turismo para fortalecer o turismo interno e para receber cada dia melhor o turista estrangeiro."(Fonte: G1)

O Governo está muito bem servido de Ministros. A Ministra do Turismo utiliza expressão chula para se referir aos brasileiros que procuram viajar para tentar relaxar, ou, simplesmente, para trabalhar, e têm que enfrentar horas a fio dentro de um aeroporto (para os mais afortunados) ou dentro do avião (para os azarados).

Além da roubalheira no Governo temos que aturar vulgaridade. A arrogância está ultrapassando os limites da razoabilidade.

Ele vive!

Ele estava sumido mas está vivo. O Cacique Caiapó Raoni, da tribo de Mato Grosso, que ficou famoso por sua visita à Rainha da Inglaterra em companhia de Sting, reapareceu na São Paulo Fashion Week para fazer uma palestra sobre água e sustentabilidade. Depois do desfile da grife Tereza Santos, pousou para fotos junto de Luíza Brunet, que, visivelmente, ficou meio constrangida, melhor dizendo, sem graça.

Mas, de tudo fica um pouco...

A volta de Raoni é alentadora.

Seu gravador, agora, seria muito bem-vindo...

Fotos: site Ego

Para lembrar Cartola

Bate outra vez com esperanças o meu coração

Pois já vai terminando o verão, enfim

Volto ao jardim com a esperança que devo chorar

Pois bem sei que não queres voltar para mim

Queixo-me as rosas, mas que bobagem,

As rosas não falam

Simplesmente as rosas exalam,

O perfume que roubam de ti

Devias vir, para ver os meus olhos tristonhos

E quem sabe sonhavas meus sonhos, por fim

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Contaminação em Córrego que desagua no Rio Tietê

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) não sabe explicar a origem de uma mancha vermelha que foi avistada na tarde desta segunda-feira (11) em um córrego que deságua no Rio Tietê, na altura da Ponte do Piqueri, na Zona Norte de São Paulo.

O produto que estava na água era denso e demorou a se misturar com o resto do esgoto. A região concentra muitas empresas, inclusive têxteis, e uma delas pode ser responsável pelo vazamento. A assessoria da Cetesb afirmou que os técnicos passaram toda a tarde tentando identificar a fonte de contaminação, sem obter êxito. As equipes deixaram o local por volta das 18h e só devem retornar nesta terça-feira (12). Não foram recolhidas amostras para verificar o que causou a mancha. Fonte: G1
Difícil de acreditar que ainda não tenhamos uma completa consciência da necessidade de se preservar o meio ambiente e de se utilizar tecnologias limpas. Esperamos que as autoridades façam a sua parte e punam exemplarmente quem causou terrível dano ao meio ambiente.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Cena para não esquecer

Mekong Delta, Vietnam, 1968
Photograph by Wilbur E. Garrett
“‘Please help my baby!’ a Vietnamese mother pleads with an interpreter aboard a U.S. Navy patrol boat in the delta. The patrol, seeking VC craft on the waterways, had stopped her sampan shortly after sunup—before the 7 a.m. curfew ended. Finding neither VC nor contraband, the sailors helped her sick child as much as they could from the vessel’s first-aid kit and moved on.” —From “Mekong: River of Terror and Hope,” December 1968, National Geographic magazine

quinta-feira, 7 de junho de 2007

A eterna Musa da Bossa Nova

Não era uma grande intérprete. Não era nem grande. Tipo "mignon" como se costuma dizer, Nara Leão, no entanto, era uma gigante. Firme em suas posições e de personalidade forte em suas escolhas musicais, apesar da visível timidez, Nara Leão notabilizou-se por gravar músicas de compositores novos. Foi uma das maiores intérpretes de Chico Buarque de Hollanda, cantou também Martinho da Vila, resgatou Zé Kéti. Popularizou as canções de protesto. E eclética e visionária, participou, também, da Tropicália, movimento de música brasileira liderado por Gilberto Gil e Caetano Veloso. Sem fronteiras, cantou com Fagner e outros nomes da música nordetina, como Robertinho do Recife e Geraldo Azevedo.

Nara participou, ativamente, do início da Bossa Nova. Reunia, em sua casa, nomes como Ronaldo Bôscoli (de quem chegou a ser noiva), Roberto Menescal (a quem fêz conhecer o Jazz e conhecia desde menina, também foi sua namorada), Carlos Lyra e João Gilberto, entre outros.

Em 1963, estreou com o musical, escrito por Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, intitulado "Pobre menina rica". No ano seguinte estreou o show "Opinião", no teatro de mesmo nome de propriedade de Gianfrancesco Guarnieri. Foi, também, a responsável pelo lançamento de Maria Betânia, a quem chamou para substituí-la no show Opinião. Betânia, até então, era uma jovem cantora de Salvador. O show "Opinião" foi um marco na música popular brasileira pois foi o início da contestação ao período da Ditadura Militar no Brasil. Foi o início da resistência dos artistas à censura e falta de liberdade. Também no show, Nara Leão resgata o grande sambista Zé Kéti. Fêz o show ao lado dele e de João do Vale.

"Talvez tenha sido Nara, dentre as cantoras brasileiras, a primeira artista, após o movimento militar de 1964, a alçar o canto na direção da liberdade. Ao participar dos shows Opinião e, em seguida, Liberdade, Liberdade, a tímida Nara deu o primeiro "grito", repetido pela classe artística, alguns intelectuais, exilados e jornalistas, proclamando a necessidade do retorno do País à sua ordem democrática e Constitucional. Não parou aí. Ao longo dos anos de autoritarismo, tornou-se o símbolo da resistência no seio do movimento artístico. Instigante este traço de Nara Leão: tímida, recatada, recolhida em seu modo de cantar, de ser e de se expor; a partir da aparente fragilidade de seu ser, tomava decisões e posições com a firmeza necessária para transformar-se em liderança de natureza pública por meio da cultura. Possuía a decisão secreta e inabalável dos suaves. Havia, também, a consciência política e pública que a impelia para um engajamento e participação nas idéias e lutas de seu tempo. Alternar estados de espírito entre todas essas instâncias, às quais se entregava com sinceridade, dedicação, alto senso profissional e humano de inserção, foi a característica do conflito eternamente vivido por Nara Leão e resolvido sempre de maneira criativa e útil, pois conseguiu ser artista fiel e séria, mãe dedicada, cidadã participante e amiga certa."(Artur da Távola).

"O fato de apoiar todos os movimentos, desde que fossem bons, fez com que eu reunisse o maior repertório do Brasil. As pessoas podem ter discutido se eu canto ou não canto, se gostam ou não gostam, mas têm que admitir que a minha falta de preconceito em relação aos movimentos fez com que eu gravasse coisas antigas, novas e de vanguarda." (Nara Leão)

Não era uma grande intérprete, mas cantou grandemente com suavidade e simplicidade, que a tornaram uma gigante da música popular brasileira. Chamá-la de Musa da Bossa Nova é uma bela homenagem, mas é reduzir a sua imensa contribuição à música brasileira em geral, vez que ela mesma fêz questão de cantar diversos gêneros.

Há 18 anos perdemos Nara Leão - A grande!

crédito: foto no alto à direita de Mário Luiz Thompson; foto acima sem crédito

Xeque mate


Triste realidade!


terça-feira, 5 de junho de 2007

Juíza suspende pagamento de verba indenizatória

Vamos ver até onde vai dar. Mas, a decisão tomada pela juíza Mônica Sifuentes, fundamentada no Princípio da Moralidade Administrativa, parece ser o início do fim da farra do boi com o dinheiro público. A suspensão do pagamento da verba de R$ 15 mil, é claro, revoltou os parlamentares que devem recorrer da decisão. Cabe, agora, ao STF julgar o recurso que deve ser impetrado pelos procuradores das duas casas (Câmara e Senado).

Não é demais lembrar que no início do ano, em apenas três meses de mandato, os parlamentares já haviam gasto o equivalente a R$ 2,5 milhões só em combustível e que no ano passado gastaram o suficiente para dar seis voltas à lua (ver posts anteriores).

Também não é demais lembrar que nossos ilustres representantes aumentaram seus próprios salários em 29,5%, passando de R$ 12.800,00 para R$ 16.800,00, o que é um excelente aumento, principalmente se considerarmos que nenhum trabalhador teve tão elevado índice de aumento.

Esperamos que o STF não vá na contramão da sociedade, da ética e da moralidade e mantenha a decisão da juíza monocrática.