sábado, 12 de maio de 2007

Um gigante com um Governo anão

Se esta negociação da Petrobras com o Governo Boliviano tivesse ocorrido no Governo Fernando Henrique Cardoso o PT estaria pedindo a instauração de uma CPI para averiguar porque não se recorreu à Corte Internacional para denunciar a quebra de contrato da Bolívia. Isto porque naquela época o PT era pedra, hoje é telha de vidro. O discurso nacionalista do PT virou poeira.

E por falar em poeira, o Evo Morales passou o dia de ontem, decretado dia de festa para comemorar a compra das duas refinarias da Petrobras, cantando:"Poeiraaa, poeiraaa, poeiraaa, levantou poeira..."

Pois é, enquanto o Evo Morales comemora com festa na Bolívia, no Brasil, o Presidente da Petrobras Gabrielli tem que se explicar. Segundo ele, a Petrobras "tirou o que tinha que tirar da Bolívia e a Bolívia recebeu as refinarias e vai tirar o que tiver que tirar das refinarias". Que texto chulo! Expressão mais vulgar, como foi vulgar o tratamento dado ao povo brasileiro pelo Governo Boliviano. Total desrespeito ao Brasil, ao companheiro Lula, que Evo fêz questão de dizer que é como um irmão mais velho dele. E é mesmo. Só um irmão mais velho abre mão das suas coisas para o mais novo. Protege. Briga por ele. Realmente foi isto que o Lula fêz pelo Evo. Brigou por ele aqui dentro em detrimento dos interesses do povo brasileiro para favorecer os interesses do povo boliviano. Nada contra los hermanos de Bolívia e sim contra seu representante que não é confiável. Não é hermano. Mas, na verdade, ele está na dele. Quem tinha que fazer alguma coisa era o Lula. Ir à Corte internacional. Não se intimidar. Do que o Lula tem medo? De perder o fornecimento do gás? Existe um contrato que pode ser denunciado à Corte Internacional de Comércio em caso de descumprimento.

A Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) era assim antes da entrada da Petrobras na Bolívia. A compra das duas refinarias bolivianas, diga-se de passagem, já foi um favor feito pelo Governo Brasileiro ao Governo de Hugo Bánzer, então Presidente da Bolívia. O negócio custou, em 1999, R$ 104 milhões ao Brasil.

A Petrobras investiu, segundo a Agência O Globo, o valor de R$ 78 milhões, o Presidente da Petrobras Gabrielli afirma que foram R$ 60 milhões e transformou as refinarias no que de melhor existe em tecnologia, pois isto a Petrobras tem de sobra.

Segundo a agência Reuters, "um grupo a ser formado por representantes da Petrobras e da estatal boliviana YPFB irá discutir a transição de comando das refinarias. A Petrobras se comprometeu em dar "apoio total" à Bolívia neste processo, inclusive na transferência de tecnologia, disse Rondeau. As unidades são as duas maiores que operam no país vizinho e processam cerca de 40 mil barris de petróleo por dia. Para o Brasil, porém, os negócios por lá representam 0,3% do total.

Entenda

A estatal brasileira decidiu vender 100% das refinarias depois da assinatura de um decreto pelo presidente boliviano, no último domingo, que afetou o fluxo de caixa da Petrobras na atividade de refino na Bolívia. Até então, apesar da nacionalização anunciada por Morales, a empresa ainda cogitava permanecer no país como parceira do governo vizinho.

O decreto concedeu à YPFB o monopólio da exportação do petróleo reconstituído e das gasolinas "brancas" produzidos pelas refinarias do país. Após muito impasse acerca de qual seria o "preço justo" a ser pago pela Bolívia, a estatal brasileira apresentou, na última segunda-feira, uma proposta final para fechar o negócio. Na quarta-feira, representantes da Petrobras, do governo boliviano e da YPFB iniciaram as conversas em La Paz para esclarecer os termos do texto, debates que terminaram nesta quinta com a assinatura de um acordo. Caso não houvesse consenso, a Petrobras e o próprio governo brasileiro tinha declarado que recorreria à arbitragem internacional."

O Ministro das Minas e Energia afirmou que o Presidente Lula não interviu nas negociações, entretanto, nuestro hermano diz exatamente o contrário: "Según admitió el propio Morales, el acuerdo final fue alcanzado tras una intervención personal de Lula en el asunto, que, según fuentes brasileñas, pidió a Petrobras que aceptase la oferta."(BBC Mundo)

As fotos mostram o vísivel benefício que a Bolívia teve com a Petrobras no comando das refinarias ao longo destes 6 anos. Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, relata que "a Bolívia fez um bom negócio, pois vendeu refinarias obsoletas e as reassumiu agora modernizadas e mais valorizadas. Ele estima em US$ 200 milhões o valor das duas. De acordo com a Petrobras, durante a sua gestão das unidades na Bolívia, os investimentos "otimizaram os processos" e permitiram o aumento de capacidade das refinarias. O nível de produção de diesel aumentou 44%. No caso do gás de cozinha, o aumento foi de 62%. (Folha online)

Ainda de acordo com especialistas, ao contrário do que o Gabrielli afirma, "o que mais prejudica o Brasil é essa situação de instabilidade política e social na Bolívia. Quem se prejudicou mais foi a Petrobras. (...) O país (Brasil) a todo o momento tomou uma atitude muito ruim, sempre o governo achou que teria tratamento especial. Mas foi o contrário. Só recentemente o presidente Lula começou a endurecer o discurso", conforme afirmou Adriano Pires.

"Hoje não é interessante (a Petrobras investir na Bolívia). (...) O balanço da Petrobras na área internacional caiu 38%, explicada principalmente pelas perdas na Bolívia, Venezuela e Argentina. Qualquer decisão de investimento precisa ser tomada com muito cuidado diante dos governos populistas."(Pires).
Fabiano Maisonnave afirma que o Itamaraty e Gorverno Brasileiro fizeram uma mistura de paternalismo e arrogância sem bons resultados. Foi paternalista ao ser "generoso" com o aumento do preço do gás, achando que estava comprando a paz com a Bolívia. E foi arrogante ao criar uma comissão para discutir as hidrelétricas do rio Madeira ao mesmo tempo em que o ministro Silas Rondeau diz que não é necessário consultar a Bolívia.(Folha Online)
Pode-se observar que o Brasil foi prejudicado pelo negócio com a Bolívia. O Governo Brasileiro declarou, várias vezes, que o povo boliviano merecia ser ajudado. Concordo, mas esta ajuda não pode vir em detrimento do prejuízo do povo brasileiro. O discurso foi o mesmo em relação ao Uruguai. O interessante é que quando o Brasil quiz receber a mesma fraternidade por parte do Governo Americano em relação ao bio-combustível, recebeu um redondo não de Bush. Este não pensa em ser solidário com o Brasil às custas dos interesses americanos.
A Folha Online realizou uma enquete e 86% dos que responderam são contra a negociação feita pelo Brasil.
A porteira está aberta. Agora é esperar o Paraguai, com a Itaipu Bi-nacional, exigir uma maior participação na hidrelétrica e os demais países fazerem as suas exigências e o governo Brasileiro "ajudar" aos nossos irmãos pobres a diminuir a sua pobreza e aumentar a pobreza dos brasileiros.

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