quinta-feira, 19 de julho de 2007

Em visita ao Brasil, o Presidente Lula...

Em visita ao Brasil, sim isto mesmo, já que o nosso Presidente passa mais tempo fora do país do que realizando a sua função de Chefe de Governo. Isto fica a cargo do Vice-Presidente, que é quem assina, governa, executa todas as ações executivas do Governo, visto que o nosso excelentíssimo Presidente prefere as funções de Chefe de Estado. Vocação para Rainha da Inglaterra, sem dúvida, o nosso Presidente possui, só que ela viaja muito menos do que ele (tudo bem possui uma idade avançada, mas mesmo seus representantes não se ausentam do país tanto quanto nosso Chefe de Estado, que também é Chefe de Governo). É o nosso Imperador Lula I.

Pois bem, em visita ao Brasil, o Presidente Lula adiou as viagens que faria pelo país para inaugurar obras, com a claque oficial a que está acostumado, bem distante da realidade do Maracanã, em razão da enorme tragédia que se abateu sobre o país com o desastre do avião da TAM. Como mencionei no post anterior, uma tragédia anunciada (parafraseando Garcia Marques).

Numa atitude inédita de Chefe de Governo, o Presidente determinou que a Polícia Federal inicie uma investigação para apurar o que levou à tragédia no Aeroporto de Congonhas. Não apareceu em público, nem na televisão, para falar às famílias que vivem uma dor profunda pela perda de seus entes mais que queridos. Uma senhora perdeu a mãe e duas filhas. Existe consolo? Claro que não, mas um alento seria ouvir o Presidente se dirigindo a ela e a todos os que sofrem neste momento. Mas o Presidente não tem o que dizer. Atua burocraticamente decretando luto oficial de três dias, como se isto já fosse muito e bastasse.

As vaias no Maracanã podem até ter tido um começo orquestrado, mas, ao contagiar todo o Estádio mostra que teve apoio. Todos nós já presenciamos ensaios de vaias em várias situações e vimos que quando não têm apoio se resumem a uma meia dúzia de descontentes e perdem o eco. Se o Maracanã vaiou foi porque quiz. Ninguém manda no Maracanã. Como vários colunistas políticos já mencionaram, o escritor Nelson Rodrigues afirmava que o Maracanã vaia até minuto de silêncio. Não dá mais para "tapar o sol com a peneira" (permitam-me a frase feita).

O Pan-Americano estava na pauta dos Governos, principalmente Municipal e Federal, para ser um momento de euforia, de enaltecimento de nossa megalomania de país gigante. Grandes instalações, grande (e até constrangedor) esquema de segurança, grande palanque político, grande, grande, grande...o que for. O script foi surpreendentemente melhorado com a vitória da Selação Brasileira na Copa América. Mas o descaso tem seu preço. E este foi caríssimo e apagou todo o brilho, não falo da Seleção, porque esta realmente não brilhou, mas dos aguerridos atletas brasileiros, das diferentes modalidades de esporte, que num esforço hercúleo, sem apoio financeiro etc., conseguem brilhar nas competições.

O descaso que resultou em mais esta tragédia veio a prejudicar nossos atletas que teríam uma oportunidade de mostrar seus talentos e, quem sabe, conseguir até patrocínio para as suas atividades, mas, ao contrário, estão de luto, impedidos de uma festa justa e merecida. O brasileiro tem que conviver com esta dicotomia de sentimentos, alegria pelas vitórias dos atletas no Pan-Americano e tristeza pela tragédia. Os noticiários intercalam a alegria e a tragédia.

O Governo, com sua inércia e permissividade para com os sucessivos erros (corrupção, crise na aviação etc.), estragou a festa de nossos bravos e talentosos atletas.

Em visita ao Brasil, o Presidente Lula determinou que a Polícia Federal faça o que faria de qualquer forma, pois é o seu trabalho - abrir inquérito para averiguar as causas das mortes no acidente do avião da TAM. Grande iniciativa!

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