segunda-feira, 16 de abril de 2007

Rio de Janeiro tem mais mortes do que o Afeganistão

16/04/2007 - 09h54 - Da Folha Online
"Mais de 700 civis morreram no Afeganistão em um ano, diz ONG LURRTULLAH ORMURLda Efe, em CabulA organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) acusou nesta segunda-feira a milícia Taleban [grupo extremista islâmico deposto por uma coalizão liderada pelos EUA no final de 2001, que controlava mais de 90% do Afeganistão], de cometer crimes de guerra em ataques que mataram 726 civis em 2006 e nos dois primeiros meses de 2007.

No relatório "O custo humano: as conseqüências dos ataques insurgentes no Afeganistão", a HRW também criticou as ações "indiscriminadas", das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e do Exército afegão contra a população, que mataram 230 em 2006. A organização acusou o Taleban e outros grupos insurgentes de intensificarem atentados contra civis --incluindo trabalhadores humanitários, médicos, líderes religiosos, funcionários do governo e jornalistas. "Cada vez se cometem mais crimes de guerra, freqüentemente com civis como alvo direto. Até mesmo quando têm um alvo militar, os ataques insurgentes costumam ser tão indiscriminados que as principais vítimas terminam sendo civis", diz a ONG.

Em 2006 --o ano mais violento no Afeganistão desde que os talebans foram expulsos do poder, em 2001--, 669 civis morreram em 350 ataques insurgentes, "a maioria dos quais parece ter sido lançada intencionalmente" contra a população. Nos primeiros meses de 2007, mais de 52 civis morreram nas mãos dos insurgentes, entre eles o motorista e o tradutor [ambos afegãos] do jornalista italiano Daniele Mastrogiacomo, que foi solto pelos talebans após duas semanas de seqüestro, em troca da libertação de cinco de seus homens. "Os assassinatos do jornalista afegão Ajmal Naqshbandi e do motorista Sayed Agha são crimes de guerra", denunciou a HRW.

Ataques
No relatório, a organização lembrou que os talebans atacaram freqüentemente as forças internacionais e afegãs em lugares muito movimentados, o que resultou na morte "sem distinção" de combatentes e civis.Em um desses episódios, ocorrido em 4 de março, 12 civis morreram e 35 ficaram feridos nos arredores de Jalalabad (leste) quando um comboio americano foi atacado com um explosivo e os soldados dispararam contra a multidão. Os Estados Unidos disseram que se tratou de uma "complexa emboscada" com bomba, seguida por tiros talebans de várias posições, versão questionada este fim de semana pela Comissão de Direitos Humanos afegã, que condenou a resposta "excessiva" ao ataque como uma "violação da lei humanitária". A HRW reivindicou à Otan e ao Exército afegão que instalem suas bases com a "maior distância possível das áreas civis", que os comboios não passem por regiões povoadas e que "melhorem a resposta de suas forças a ataques insurgentes reais ou supostos para evitar o ataque a civis por erro".Além do aumento nas operações contra civis, a HRW afirmou que estas não se limitam aos bastiões insurgentes no leste e no sul do Afeganistão. Em 2006, quase um terço dos atentados com bomba documentados pela organização foi registrado em outras regiões, incluindo Cabul, Mazar e Sharif (norte) e Herat (oeste).

Bombas
Os insurgentes usaram bombas na maioria das operações em 2006, com 200 casos registrados, que provocaram a morte de 500 civis. Deles, 136 foram ataques suicidas, 20 com alvos civis, embora em todo os casos tenham sido registradas mais baixas entre a população (272) que entre os soldados afegãos ou internacionais (37). A HRW condenou ainda que os suicidas talebans se ocultem sob a aparência de civis, em violação das leis da guerra, e acrescentou que muitos afegãos foram mortos por erro pelas forças da Otan ou do governo, que os confundiram com insurgentes. A organização também denunciou que as operações militares da Otan e do Exército afegão, "algumas das quais violaram as leis da guerra", causaram "numerosas" baixas civis. "Não há provas de que as forças da coalizão ataquem civis intencionalmente, mas em alguns casos as forças internacionais fizeram ataques indiscriminados ou falharam na hora de tomar as precauções adequadas para prevenir danos entre a população", lamentou. A HRW pediu que os talebans "cessem ataques contra civis" e solicitou às forças da Otan e afegãs que adotem "melhores regras de combate para minimizar baixas civis nos confrontos"."

Enquanto no Afeganistão, país em guerra desde 2001, morreram 700 inocentes em um ano, na cidade do Rio de Janeiro, que não está em guerra contra nenhum país, de janeiro a março de 2007 foram mortas 700 pessoas inocentes vítimas da violência.

Atenção autoridades esta marca é para envergonhar qualquer um. Se a Human Rights Watch está se manifestando contra as ações tanto dos americanos quanto do Talibã, o que vão dizer de nossa cidade?

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