terça-feira, 10 de abril de 2007

As Forças Armadas no combate à violência no Rio

O Governador do Estado quer que as Forças Armadas iniciem um policiamento para o combate à violência na cidade do Rio de Janeiro. O próprio Governador foi vítima desta violência. Um policial que trabalhava na sua segurança foi morto quando voltava para casa após um dia de trabalho. Isto acontece quase que diariamente com os policiais na cidade. Quer sejam vítimas após terem suas identidades de policial descobertas por bandidos em ação e eles não estão em serviço, quer em serviço, no combate direto ou vítimas de ataques.

Qual o motivo para esta matança? Vários. O mais óbvio é que estão na captura dos bandidos, a velha história da briga entre mocinhos e bandidos. Depois, temos o envolvimento de policiais com o tráfico de drogas, as famosas mineiras - policiais que cobram dos traficantes para os deixarem livres para traficar. Mas estas estória e história vêm de longe. Lá nos anos 70, do século passado, houve a primeira aliança de grande porte entre a polícia e os contraventores. Eram os bicheiros que aliciavam os policiais para formarem fileiras junto com eles na contravenção. Quem não lembra dos "sete homens de ouro" da polícia? Um deles, o Mariel Mariscot, chegou a ser considerado o maior policial do Estado, foi o primeiro a se envolver com o crime. Inicialmente, com os bicheiros, depois com o Esquadrão da Morte. Tratava-se de um grupo de policiais que matavam bandidos, o primórdio das atuais milícias.

Pois é, todos que vivem em contradição, em paradoxo, acabam por perder o respeito daqueles que deveriam respeitá-los. Um pai extremamente moralista que depois se descobre que vivia uma vida dupla, obviamente, vai perder o respeito dos filhos, pois verão que o seu discurso era diferente da sua prática, o que esvazia e desvaloriza o discurso. O mesmo acontece com a nossa polícia. A partir do momento em que alguns policiais se aliaram aos bandidos, perderam o respeito dos mesmos - ninguém respeita um corrupto, principalmente aquele que corrompe, como é o caso. A realidade, hoje, é que a Polícia não causa mais temor aos bandidos e muito menos respeito.

Isto para não mencionar o fato de que muitos policiais são irmãos, parentes, amigos, vizinhos etc. dos bandidos. Muitos nasceram e cresceram juntos, um foi ser bandido e o outro policial. A origem da maioria é a mesma, são pessoas humildes, moradoras dos grotões das grandes cidades que vão buscar uma vida melhor, um salário fixo, jornada de trabalho diferenciada, que possibilita um aumento de renda etc. Os outros também querem uma vida melhor, só que seus números são mais elevados, e para possibilitar estes ganhos entram para o tráfico de drogas. Alguns primeiro se viciam, depois, para manter o vício, acabam se "alistando" no "exército" do tráfico.

A situação não é muito diferente com alguns soldados das Forças Armadas. Nascem nos mesmos lugares, convivem durante a infância, adolescência e depois tomam lados opostos na vida. Uns vão para as Forças Armadas na busca de uma vida melhor, mais estável etc. e outros vão para o crime. Já não são poucos os soldados que são presos por envolvimento com algum tipo de crime, principalmente o tráfico de drogas. Vão trabalhar como limpadores de armas, roubam munição, armas e entregam para o tráfico de drogas, enfim, usam seu expertise militar para contribuir com os traficantes.

Outro aspecto importante a ser levado em conta é que as Forças Armadas têm um treinamento para ações de combate em termos de guerra, de guerrilha, e não o varejo do crime. Trazer as Forças Armadas para um policiamento ostensivo, sem prazo para terminar, causaria alguns contratempos e dissabores até mesmo para a população. Não é segredo que as Forças Armadas vivem uma situação precária em termos de verbas governamentais a elas destinadas. Colocar os soldados nas ruas obrigaria um gasto extra com preparação para este tipo de ação. As polícias das Forças Armadas são preparadas para um policiamento em situação de guerra, de novo, diferente da ação das Polícias Civil e Militar. Um outro aspecto é o sério risco que se corre de ver o aliciamento maior de soldados pelo tráfico. A exposição a um convívio mais estreito com o crime pode tornar vulneráveis os soldados, considerando que alguns já estão envolvidos, isto só iria prejudicar. O pouco respeito que os bandidos têm pelas Forças Armadas corre o risco de desaparecer à medida em que forem engrossando as suas fileiras de corrompidos. Como aconteceu com a polícia.

É ilusão achar que as Forças Armadas poderão agir numa situação de conflito. Os soldados usam armas pesadas, tudo bem que os traficantes também têm armas de uso restrito às Forças Armadas, mas um enfrentamento entre ambos seria, na verdade, um combate de guerra; se considerarmos a diposição geográfica das favelas, com vielas estreitas etc. seria uma verdadeira chacina.

O que se espera que os soldados façam? Dêem tiros de canhão? De Tomahawk? Pois é isto que fazem. Ou que atuem como os Rangers em missões de invasão para capturar os líderes do tráfico, dentro de uma favela? Missão quase impossível, todos sabemos da dificuldade que é para um estranho entrar numa favela sem ser notado.

Entendo e concordo com a preocupação do Governador, mas a meu ver deveria deixar esta retórica e partir para uma ação eficaz, com a Polícia. E por falar em ajuda Federal, onde está a Guarda Nacional? Alguém viu por aí?

Um comentário:

Anônimo disse...

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